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domingo, 30 de outubro de 2011

OS PASTOS DO FUNDO DO MAR

Até cerca de 350 milhões de anos atrás, todas as plantas do planeta viviam no mar. Desde essa época, várias espécies evoluíram e desenvolveram formas e funções cada vez mais adaptadas à vida fora do mar, passando a viver em água doce (rios e lagos) ou na Terra. Hoje, são cerca de 200 mil espécies que vivem nesse ambientes.

Apenas aproximadamente 50 espécies de plantas superiores (que têm sementes) preservaram a capacidade de viver nas águas salgadas. Dessas, só cinco são encontradas no litoral brasileiro.

Essas plantas vivem nas águas quentes e transparentes do Nordeste e nas calmas baías protegidas que se estendem do sul do estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Podem cobrir vários quilômetros quadrados de fundos marinhos rasos de até 10m de profundidade.

O grupo mais bem-sucedido das plantas superiores que preservaram a capacidade de viver em águas salgadas é composto por pequenas plantas que ocupam fundos de areia ou de areia com lama, formando verdadeiros "pastos do mar".



Os pastos do mar têm raízes que os fixam nos fundos arenosos, freqüentemente remexidos com movimentos da água. As raízes permitem que essas plantas aproveitem os vários nutrientes do fundo do mar (além dos que estão na água), como ocorre com os pastos terrestres. O mesmo não acontece com as algas marinhas que, por não terem raízes, dependem apenas dos nutrientes da água, na qual existem em menor quantidade.
Os pastos do mar produzem flores e frutos, como a maioria das plantas terrestres, e suas sementes são espalhadas pelas correntes marinhas, permitindo que elas se estabeleçam em outros lugares. Possuem caules subterrâneos, chamados rizomas, que servem para armazenar nutrientes durante a queda das folhas. A perda destas ocorre uma vez por ano, ocasião em que só o rizoma e as raízes ficam vivos, garantindo o rebrotamento das folhas na próxima estação. Os rizomas também são responsáveis pela expansão vegetativa dos pastos do mar, ou seja, o brotamento de novas plantas sem a participação de sementes.


Ao contrário das algas marinhas, os pastos do mar têm celulose, uma substância produzida por plantas terrestres. Como dificilmente a celulose é digerida pelos animais marinhos, os pastos do mar são pouco procurados como comida.

Os dois grupos de animais que se alimentam basicamente dos pastos do mar, as tartarugas e os peixes-boi marinhos, vieram da terra ou da água doce. Os peixes-boi marinhos são os últimos grandes mamíferos aquáticos dos litorais tropicais e hoje estão ameaçados de extinção.

Assim, como os pastos do mar são comidos por poucos animais e o fundo do mar é rico em nutrientes, luz e gás carbônico, eles crescem muito rapidamente. Além de beneficiarem diretamente animais como os peixes-boi e as tartarugas marinhas, ao serem comidos por eles, os pastos do mar têm grande importância para várias espécies de peixes e crustáceos que, por sua vez, alimentam numerosas famílias de pescadores nas regiões tropicais.


No entanto, a localização dos pastos do mar em águas rasas e transparentes torna esses ecossistemas expostos à ação do mar. As atividades mais prejudiciais são as redes de pesca, que arrancam as plantas, e a retirada de fundo do mar para a abertura de canais para a navegação. Também as atividades humanas fora do mar, na região costeira, causam grandes danos a essas plantas. O desmatamento de regiões litorâneas provoca um aumento da erosão fazendo com que pedaços de solos caiam no mar. Essas partes de solo tornam a água menos transparente, o que diminui a penetração da luz solar, necessária para a sobrevivência das plantas. Em grandes quantidades, essas partes de solo podem soterrar os pastos, matando-os.

Como outros ecossistemas marinhos localizados em regiões costeiras tropicais de grande potencial turístico, os pastos do mar estão ameaçados pelo homem.




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